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terça-feira, 27 de abril de 2010

Ceder ou Não ceder, eis a questão ♥




Sexta-feira. 23 de abril. Trem com destino a estação da Luz.

Essa ‘viagem’ de trem até a estação do Brás, onde eu pegaria o metrô para ir para a rodoviária, tinha tudo para ser como todas as outras: entediante. Mas não foi bem assim. Minutos após entrar no trem presenciei uma cena ao mesmo tempo engraçada e interessante.

Tudo aconteceu por causa de um assento preferencial. E pasme, mas tudo começou por uma questão de educação.Por diversas vezes vi pessoas ocuparem os assentos preferências sem realmente serem aqueles que deveriam ocupá-los. Isso é tão normal que nem me surpreende mais ver uma senhora quase cair no trem porque teve que viajar em pé enquanto um garotão em plena forma ocupa o lugar que era reservado à senhora.

Mas, a cena que eu vi na última sexta-feira foi inusitada. Um homem e uma mulher, que aparentava ser filha dele, entraram no trem e dirigiram-se até os assentos preferenciais, uma vez que ninguém os ocupou. Logo em seguida entrou uma mulher no mesmo vagão. A primeira coisa que a mulher que estava sentada fez foi oferecer o assento à mulher que acabara de entrar. A resposta foi curta e grossa: “Não quero”.

Escorei o corpo em uma das barras e me concentrei num cara muito gato que estava na minha frente. Ainda estava olhando pra ele quando ouvi a voz da mulher sentada novamente: “A senhora não quer mesmo sentar?” Pronto. A confusão estava armada. A mulher que estava em pé se sentiu ofendida, pois, segundo ela, estavam a chamando de velha. Revoltada, encheu a boca pra falar que tinha apenas 56 anos, portanto não tinha o direito ao assento preferencial e nem queria se sentar. Não satisfeita, acrescentou que estava em plena forma e parecia mais jovem do que a outra.

Eu, como a maioria dos que estavam dentro do trem, fingíamos que não estava acontecendo nada. Mas a coisa piorou quando a mulher que estava em pé chamou o pai da outra de irmão. O homem disse para não chamá-lo assim porque ele, graças a Deus, não era evangélico e não dava dinheiro pra pastor. Logo ouviu que ele deveria gastar o dinheiro dele com pinga e cigarro em qualquer bar de esquina.

A essa altura, quem não ria da situação provavelmente era porque estava com medo deles saírem no tapa ali mesmo. Afinal, as trocas de farpas ficava cada vez pior. A briga acabou com uma frase da mulher que estava em pé: “Eu acho melhor você ficar pianinho. Eu posso estar com uma bíblia na mão, mas sou da Policia Federal e não sou flor que se cheire. Então, fica na sua senão vai levar”. O assunto morreu na hora.

A mulher abusou ligeiramente do fato de ser PF para colocar moral e fazer os outros dois calarem a boca. E isso tudo apenas porque alguém quis ser educado...

Depois desse episódio, decidi que não sento em nenhum lugar preferencial e caso esteja em um assento normal só o ofereço a uma grávida, alguém com criança no colo, deficiente físico e idosos quando eles tiverem a cabeça toda branca, assim não corro o risco de alguém se enfurecer por eu estar querendo ser educada lhe oferecendo assento.

Todos dizem que devemos ter educação, mas é frustrante quando você é educada com alguém e só recebe ofensas de volta...

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