101 coisas em 1001 dias ♥

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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Metamorfose ♥


     Presidentes da República, mais cedo ou mais tarde, amanhecem um belo dia como ex-presidentes. Em geral é um choque. Para os que entendem, de verdade, que numa democracia não dá para ninguém ser presidente pelo resto da vida, o impacto é recebido com mais naturalidade e pode ser administrado de forma mais racional. Para os que se julgam superiores a todos os que vieram antes deles ou que possam vir depois, e só se levantam da cadeira porque a lei os obriga, a hora da saída é um terremoto interior. Na cerimônia de transmissão do cargo talvez façam esforços para demonstrar ao público que aceitam de boa graça o fim do seu período na Presidência, sobretudo se conseguem eleger seu sucessor. Mas, secretamente, acham que a regra do tempo fixo para os mandatos só é aceitável em relação aos outros; não se conformam que seja aplicada também a eles, pois não aceitam a idéia de que exista qualquer outra ocupação à sua altura.

     No próximo domingo, com a definição de quem ficará em seu lugar a partir de 1º de janeiro de 2011, começa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a contagem regressiva que o levará, dentro de dois meses, às realidades da ex-Presidência. O presidente, por tudo o que tem dito e feito nesta reta final da campanha, dá a impressão de estar gostando cada vez menos da perspectiva de voltar para casa. Já avisou que não vai “passar o bastão” da Presidência ao sucessor, porque “o bastão é do povo”; não explicou como, na prática, o povo iria utilizar o bastão que pretende lhe deixar, mas a conversa é de quem não quer largar o osso. Deu para se comparar, de novo, a Jesus Cristo, e garante que as derrotas dos seus adversários são “vingança de Deus” contra quem se opõe a ele. Cada vez mais, em seus discursos, diz que não vai “admitir”, não vai “aceitar”, não vai “deixar” que aconteça isso ou aquilo, como se o futuro do país estivesse sujeito à sua aprovação pessoal. O que fica, desta conversa toda, é a sensação de que Lula, no fundo, acha uma tremenda injustiça a necessidade de deixar a Presidência.É como se perguntasse: para que serve, então, ter 80% de popularidade, em vez de 30%, por exemplo, ou até de 1%, se você tem de ir embora do mesmo jeito?

      O fato é que o presidente da República tem no momento duas possibilidades à sua frente, e nenhuma é animadora. Uma vitória do candidato da oposição José Serra, no turno decisivo das eleições seria tão ruim, do seu ponto de vista, que nem o próprio Lula, provavelmente, é capaz de imaginar as reações que poderia ter diante de uma calamidade dessas. Uma vitória da candidata oficial, Dilma Rousseff, seria melhor, é claro, até porque ela sempre deverá ao presidente 100% dos votos que recebeu no primeiro turno e vai receber no segundo. É melhor, mas não resolve. Na verdade, ninguém resolve a vida de quem quer ficar mas precisa sair – e, se acaso alguém pudesse resolver, esse alguém certamente não seria o sucessor. No curto caminho que os presidentes fazem entre a porta do seu gabinete e a porta de saída do Palácio do Planalto, no dia em que passam a faixa, muito se perde e tudo se transforma; ao colocarem o pé na rua, no primeiro instante de sua nova vida como ex-presidentes, o mundo já é outro. A mudança mais notável é a rapidez com que vão deixando de ser prioritários os esforços que as pessoas fazem para estar perto deles. Certas coisas, talvez a maioria, perdem subitamente a importância – índices de popularidade, por exemplo, servem para bem pouco depois que se deixa a Presidência. Por mais que lhes devam o cargo, os sucessores logo começam a descobrir seus próprios méritos; o que jamais faltará é gente à sua volta dizendo exatamente isso. Elogios ao ex vão se tornando mais raros; a uma certa altura, passam a ser expressamente não recomendáveis. O sucessor não demora a se acostumar com a força de sua caneta. Habitua-se rapidamente, também, a pensar primeiro em si; dificilmente passará os próximos quatro anos tendo como prioridade o bem-estar e o futuro do seu antecessor.
 
     Uma das mais célebres transformações registradas na literatura mundial está no conto A Metamorfose, de Kafka; ali, como se sabe, o caixeiro-viajante Gregor Samsa, bom moço e herói da própria família, acorda um dia transformado num gigantesco inseto. A partir daí, o que realmente causa angústia não é a metamorfose de Samsa; perturbador, mesmo, é a mudança gradual e impiedosa nas pessoas que estão a sua volta. É para lidar com isso que presidentes da República a caminho da saída deveriam se preparar.

J. R. Guzzo
Artigo extraído da revista Veja - Edição 2188 - Ano 43 - nº 43
 
    
 
      *Resolvi colocar esse artigo aqui, porque foi uma das melhores opiniões que já li em relação ao presidente Lula e a atual eleição. Sendo assim, não preciso nem dizer que concordo plenamente com o que foi dito.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Para o mundo que eu quero subir ♥

    
     Quem nunca ouviu a frase: Para o mundo que eu quero descer? Eu já ouvi várias vezes e geralmente as pessoas a usam quando estão com suas vidas num ritmo muito acelerado de trabalho ou muito cansadas, estressadas. Hoje, também quero pedir ao mundo para parar, porque eu quero (e preciso) subir! Não quero mais ficar vendo o mundo onde as outras pessoas vão passando, girando, enquanto eu simplesmente olho, sem conseguir subir. Eu quero subir, eu quero girar, eu quero correr, eu quero simplesmente me sentir em sintonia com as outras pessoas.

     O mundo já ficou tempo parado demais pra mim. Já curti a vida de preguiça por tempo suficiente. É estranho hoje ouvir as pessoas falarem que gostariam de ficar dias sem fazer nada, só curtindo preguiça. Eu gostaria de trocar com elas, curtir um dia de correria, de trabalho, até mesmo de problemas e dor de cabeça, só para me sentir útil por um tempo, para saber o que é trabalhar e o que é sensação de querer um dia de preguiça porque se trabalhou demais, porque se está cansado de tantos problemas. Não quero mais ter dias de preguiça porque é apenas isso que me resta fazer.

     Ficar parado é muito ruim. O desanimo vai tomando conta da gente de uma tal forma que quando se dá conta, você não consegue se livrar dele. Você não faz nada o dia todo, gostaria de fazer, mas só de pensar em algo, já sente preguiça. Você é dominado por essa preguiça. Não consegue se livrar dela. Vocês viram parceiras. Quando chega a noite, olha-se pra trás e se pergunta o que você fez durante o seu dia. A resposta é sempre a mesma, já se acostumou com ela, mas não consegue se desfazer do gosto amargo que ela sempre deixa em sua boca ou na pontinha de desapontamento que surge. Pensar e lembrar que não fez nada (útil) o dia todo é... Não sei nem se consigo colocar isso em palavras. No fim do dia, me sinto cansada, não fisicamente, mas mentalmente.
     Todo esse meu desanimo afetou também a minha vontade de ler. Sim, até mesmo esse vício eu deixei de lado. Não consigo me concentrar pra ler. Não consigo achar uma história que me prenda. E olha que livros eu tenho, mas não dá vontade de ler nenhum deles. Dá vontade de ler aqueles que eu não tenho, mas será que se eu os tivesse, eu realmente iria querer ler? Acho difícil.

     Ahh, não posso só reclamar da vida. Também tem acontecido coisas boas. Terminei meu artigo de pós graduação, sábado eu já serei uma Biomédica Especialista em Hematologia, encontrei cursos na área de pericia criminal aqui em São Paulo pra eu fazer ano que vem, conheci uma pessoa legal (:D), estou criando outro tipo de vínculo muito especial com a minha irmã... entre outras coisas, rs.

     Enfim, deixando de reclamar e pensando no futuro, com o fim da pós graduação, espero que eu consiga um emprego (se não for pedir mundo, que seja na minha área) e que as coisas mudem um pouquinho, ao menos ao ponto que eu me sinta bem comigo mesma. E que tudo que está acontecendo de bom na minha vida, continue dando certo, porque são coisas importantes pra mim.

Os homens que não amavam as mulheres ♥

     A primeira vez que "ouvi" falar desse livro foi em uma comunidade do orkut. Creio que na época o livro tinha acabado de ser lançado no Brasil, pois várias pessoas comentavam que queriam ou que tinham lido. Diante de tantos comentários fiquei curiosa pra ler também, porém, como eu já imaginava isso ia demorar muito, rs. Foi só depois de algum tempo que descobri que esse tal livro que tanto falavam era o primeiro volume de uma trilogia, a Trilogia Millenium.

     Depois disso, li uma reportagem na revista Veja, onde falavam da série e sobre o livro que seria lançado sobre a mesma. A minha curiosidade em ler só aumentou, pois a crítica da revista foi consideravelmente boa (levando em consideração as críticas de filmes que fazem na Veja São Paulo... filme nenhum é bom o bastante pra eles). Pensei em ler pelo pc, mas esse é um dos livros que, apesar de querer muito ler, prefiro esperar e ler o livro. Surgiu a oportunidade de eu comprá-lo recentemente em uma promoção da Saraiva (eu acho, ou submarino, não lembro, rs), mas, porém, contudo, entretanto, todavia existia um problema: a capa do livro. Sim! Eu queria o livro da capa bonita, que era mais caro, não a capa feia da edição econômica. Sei que o contéudo é o mesmo e bla bla bla, mas ainda assim eu queria a capa bonita.

     No fim, entre ter a capa bonita e não ter nenhum, decidi ficar com a capa feia e comprei os dois primeiros livros da série. E depois dessa longa história, vamos, enfim, falar do livro.

     O que falar sobre ele? Acho que é por isso que fiquei nesse bla bla bla, porque na realidade não sei o que escrever sobre Os homens que não amavam as mulheres. É sério! Se alguém me perguntar hoje se a série é boa vou ter que responder que não sei. E daí devem se perguntar, "como assim não sabe? Vc lê o livro e não sabe se ele é bom?" Exatamante! Não sei como definir o que sinto ou senti lendo esse livro. Em alguns momentos penso em colocá-lo como um livro bom e em outras como mais ou menos. Vamos ao porque...

     O livro começa estranho. Começam falando de um senhor que recebe uma flor todos os anos, mas não sabe quem é o remetente. E esse fato o deixa irritado, intrigado e eu diria amedrontado. Depois desse senhor comunicar a outro senhor o recebimento dessa flor, o autor fala horas e horas (literalmente) sobre a tal flor, de onde veio, como chama e bla bla bla. Acaba o prólogo e ninguém entende nada. Mas tudo bem, a gente nunca entende nada do que escrevem no prólogo até ler o livro, não é mesmo?

     No primeiro capítulo somos aprensentados a Mikael Blomkvist e uma longa história sobre a vida dele se segue. Lá pela página 80, quando Henrik (o velho que recebeu a flor no prólogo) aparece, as coisas começam a fazer um pouco de sentido. Mas devo confessar que um sentido confuso. Henrik quer descobrir o que aconteceu com sua sobrinha que desapareceu há mais de 40 anos e pede a ajuda de Mikael para isso. Este, que está com sua carreira jornalistica arruinada, aceita ajudá-lo após saber que em um ano poderá dar a volta por cima em sua carreira com informações dadas por Henrik.

     Mikael começa então a saber como tudo aconteceu no dia em que Harriet desapareceu. E daí a história volta a ficar confusa e um pouco cansativa. A família de Henrik é enorme e eu acabava me perdendo em meio a tanta gente, tanta descrição do autor sobre a vida de cada membro da família. Às vezes eu precisava retornar algumas páginas pra conseguir me lembrar quem era mãe de quem, quem era primo de quem, quem era quem. E esse fato do autor sempre ter algo a contar sobre alguém ou algo, deixava as coisas cansativas.

     Mas continuei lendo, principalmente porque queria saber o que realmente tinha acontecido com Harriet. E esse é um fato do livro que não dá pra não ficar curioso. A forma como o autor montou o desaparecimento dela é íncrivel, você fica fazendo várias perguntas a si mesma sobre o que pode ter acontecido.

     Lisbeth. Ela é o outro motivo que me fez querer continuar lendo, quer dizer, ao menos quando ela e Mikael se encontram, que é quando o livro finalmente engata a marcha e fica melhor. Porém, é justamente com Lisbeth que acontece as cenas mais pesadas da história. Confesso que fiquei um pouco assustada e boqueiaberta com a forma como o autor escreveu e fez as coisas acontecerem com essa personagem. Mas, enfim...

     Então, respondendo porque não sei o que achar sobre o livro... Se me basear na história do desaparecimento de Harriet, vou dizer que gostei. Se me basear na enrolação e quantidade de personagens do autor, vou dizer que achei confuso e cansativo. Se me basear nas coisas que aconteceram com Lisbeth, nas relações entre alguns personagens, vou dizer que é encandaloso e um romance frio, sem graça. Me dei conta que achei mais coisas que não gostei do que coisas que gostei, rs. Mas pensando no todo, eu diria que vale a pena ler a história só pelo mistério que há nela.

     E quanto a continuação da série, eu pretendo ler, sim. Comecei, inclusive, mas não consegui passar da página 30, não por culpa do livro, mas por culpa minha mesmo... Só que esse é um assunto para o próximo post do blog.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

I´m back ♥

      Depois de ficar uma semana sem computador, I´m back! O que eu fiz nessa última semana? Nada, literalmente. Mas vamos ao resumo da minha dramática semana...
       O drama teve início na quarta-feira quando tentei ligar meu pc e ele simplesmente não quis ligar. Quer dizer, ligava, mas não carregava todas as configurações, aparecendo só a minha foto de tela de fundo (que diga-se de passagem é muito linda, euzinha na minha formatura). Primeira atitude? Raiva! Tentei mil vezes ligar e era sempre a mesma coisa. Segunda atitude? Desespero! Foi só lembrar que o arquivo do meu artigo científico da pós-graduação estava no pc e que eu não o tinha salvo em mais nenhum outro lugar para o desespero tomar conta da minha pessoa. Apesar de alguém ter me dito que eu provavelmente não iria perdê-lo (e eu confiar nos conhecimentos desse alguém), não consegui pensar em outra coisa a não ser no desastre que seria se eu perdesse meu arquivo.
       Só consegui que o homem viesse olhar o pc na quinta-feira à noite. Até lá, muita dor de cabeça e ansiedade pela espera. Para a minha enorme felicidade, ele conseguiu ligar o pc depois de apertar um monte de coisa no teclado e salvou meu artigo, antes de qualquer coisa. Enfim, deixou o pc ligado para que eu salvasse tudo que eu precisasse, pois no dia seguinte ele buscaria meu baby, porque ele estava com virose e precisava ir pro hospital. E lá se foi...
        Sábado... Domingo... Segunda... Terça... Quarta... Os dias passaram e nenhuma notícia do meu baby. E pra piorar a situação, além do feriado, é claro, meu telefone não estava funcionando, assim não tinha como eu tentar falar com o homem. Em todos esses dias a única coisa que me restou fazer foi ver TV e dormir, e não esquecendo de outro drama, passar mal. Vi novela que eu nunca tinha visto, vi programas que eu nem sabia que existiam... Vi filme, vi seriado e ouvi música. Tentei ler, mas não tive muito sucesso. Consegui terminar Os homens que não amavam as mulheres (depois coloco a resenha aqui), mas só. E quando cansava, dormia. Tentei ir ao cinema ver Tropa de Elite 2, mas não tinha mais sessões e tinha tanta gente na fila que desisti até mesmo de ver outro filme (quero ver Tropa de Elite, poxa!) Ahh, sem contar que nesses dias tive ainda mais tempo à toa pra pensar... Pensamentos bons, pensamentos ruins, pensamentos maravilhosos, pensamentos dolorosos, pensamentos novos, pensamentos antigos... pensamentos que mais pareciam uma montanha russa... ora estavam e me deixavam no alto, ora estavam e me deixavam lá embaixo...
        Para a minha enorme felicidade, me ligaram hoje para ir pegar meu baby. Dei até um beijinho de boas vindas. Enfim, com ele funcionando novamente já consegui terminar meu artigo e agora tenho que organizar todos os arquivos que tirei dele para formatar. Viso que terei um enorme trabalho pela frente. Mas vai valer a pena só por estar de volta...